segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Estado da União: Direitos Sociais, Justiça, e a Guerra de Todos Contra Todos

O presidente Bush acaba de dizer que "faremos justiça aos nossos inimigos" (discurso anual de George Bush sobre o “Estado da União” ao Congresso americano, em 28 de Janeiro de 2008).

Logo, isso significa que dependemos da justiça de nossos inimigos também?

Esse é o pensamento de pessoas como Bin Laden. E Bush, ao que parece, compartilha dessa sua mentalidade.

Um líder escolhe a sua definição de justiça, vai lá e mata – ou faz que o quer que seja – ao culpado.

Essa é a maneira como as coisas teoricamente funcionam à revelia, na ausência de uma sociedade forte, na condição de algo como o que Thomas Hobbes chamou “a guerra de todos contra todos”.

Mas se não tivéssemos uma sociedade forte, Bush não teria um orçamento de 2,8 trilhões de dólares (2007). Ele não teria guarda-costas do Serviço Secreto e, conseqüentemente, precisaria usar um coldre ao discursar em plena sede da ONU, como Arafat – que tinha um orçamento bem menor – certa vez fez.

Sem uma sociedade forte não teríamos nenhuma lei de herança eficaz e, portanto, Bush estaria lá fora na briga por trabalho e comida como todo mundo faz.

Em outras palavras, não se pode ter as duas coisas.

Você não pode gozar de enormes direitos sociais e, ao mesmo tempo, ignorar as leis e tabus mais básicos da sociedade: aqueles que dizem respeito a matar outras pessoas, aqueles que dizem que a sociedade é que define a justiça nessas questões – e não líderes isolados, ou mesmo instituições –, e que a define pela lei e pelo consenso (isto é, leis de homicídio), elaborados laboriosamente ao longo do tempo.

Logo, se Bush quiser sair e matar alguém com uma espada, como poderia fazer em um mundo hobbesiano, isso só depende dele.

Mas ele não deverá se surpreender – ou reclamar – quando for detido por aqueles que fazem cumprir a lei na sociedade.

By Allan Nairn, News and Comment, http://www.newsc.blogspot.com

Traducao: Joice Elias Costa

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